a palavra não deve ser útil
a palavra não deve ser útil ao poeta que precisa da palavra
totalmente descascada
de sua aparência de utensílio
maçã não de ve ser usada para dizer maçã
areia muito menos para dizer areia
pedra jamais pedra.
a palavra precisa ser desnudada
talvez quem sabe? uma lata de sopa
a palavra roupa não pode
não deve estar dizendo roupa
deve fazer ver um homem e uma mulher se abraçando.
a palavra cadáver pode ser morte
que a palavra morte não pode.
no processo de descascar a palavra
o poeta precisa entender
que a palavra poderia dizer
se fosse uma lata de sopa
se fosse uma cadeira
ou mesmo um sofá
palavra descascada pode tornar-se novamente útil e berrar.
no berro que a palavra conta
o poeta há de saber escutar o que ela desconte
precisará ver para muito além da própria palavra e suas casas
terá que se situar num lugar muito específico
onde ela não alcance, a palavra
Elaine Pauvolid
Saturday, July 19, 2008
Wednesday, July 16, 2008
Amor, vida, morte e urgências
Há dias em que sou
Este imperfeito de mim
Sem fim nem começo
Meio verdade, meio avessa
Meia meio virada
Pé direito calçando o esquerdo
Táctil, sem querer tocar
No entanto quando surges
Com o frêmito das coisas urgentes
Como se o ar perdesse o tino
E urgisse despentear avencas,
A vida é promessa realizada
Ao sabor de um simples verso
Toco-te, num ósculo forte
O amor é em nós imerso
Assim como o é na vida, a morte
Jeanete Ruaro
Em Memória (10 julho 2008)
Há dias em que sou
Este imperfeito de mim
Sem fim nem começo
Meio verdade, meio avessa
Meia meio virada
Pé direito calçando o esquerdo
Táctil, sem querer tocar
No entanto quando surges
Com o frêmito das coisas urgentes
Como se o ar perdesse o tino
E urgisse despentear avencas,
A vida é promessa realizada
Ao sabor de um simples verso
Toco-te, num ósculo forte
O amor é em nós imerso
Assim como o é na vida, a morte
Jeanete Ruaro
Em Memória (10 julho 2008)
Friday, March 28, 2008
Thursday, January 31, 2008
2 do Erly Welton Ricci
Notas para um poema
- Esparta parte
em 300 mitos
- Espere a chuva
na janela
- E o circo
entre ela
- Nenhuma outra
lava a pedra lavrada
- Alma de pedra
na calçada
- Muro de ossos
e de espada
- Argamassa
é a carne
arremessada
- & a chuva já
não lava nada
- Enchurrada
carrega a alma
- lagoa de mitos
assoreada
***
*Hipóstase (substance unknown)
há metafísica na árvore e em cada semente lançada ao solo
há metafísica na terra, na curva das estrelas e na roupa do varal
há metafísica na ética e na política, no dinheiro ou na palavra
há metafísica nos olhos e nas manhãs, nas estradas e avenidas
no ócio e no trabalho há metafísica
há metafísica na grama molhada
há metafísica no medo ou na coragem
na pudicícia ou na realidade
no espaço no tempo ou na causa da cidade
porque nós
dentre as espécies
somos a que nada sabe
Erly Welton Ricci
*Hipóstase, do grego hypostasis, significa subsistência, realidade. Na filosofia de Plotino, Deus se deriva em três hipóstases: Uno, nous (Inteligência) e alma, que ele comparava também, respectivamente, com à luz, ao sol e à lua. O termo também é encontrado entre os gnósticos. Um dos livros da biblioteca de Nag Hammadi se chama "A Hipóstase dos Arcontes".
A transcrição latina para Hipóstase é "substância", que, todavia, foi utilizada pela tradição filosófica com significado totalmente diferente do que a utilizada por Plotino. No sentido contemporâneo, é utilizado de maneira pejorativa, porém raramente. Dessa maneira, indica a transformação de um ser em um ente.
fonte:
Wikipedia - A Enciclopédia Livre
Notas para um poema
- Esparta parte
em 300 mitos
- Espere a chuva
na janela
- E o circo
entre ela
- Nenhuma outra
lava a pedra lavrada
- Alma de pedra
na calçada
- Muro de ossos
e de espada
- Argamassa
é a carne
arremessada
- & a chuva já
não lava nada
- Enchurrada
carrega a alma
- lagoa de mitos
assoreada
***
*Hipóstase (substance unknown)
há metafísica na árvore e em cada semente lançada ao solo
há metafísica na terra, na curva das estrelas e na roupa do varal
há metafísica na ética e na política, no dinheiro ou na palavra
há metafísica nos olhos e nas manhãs, nas estradas e avenidas
no ócio e no trabalho há metafísica
há metafísica na grama molhada
há metafísica no medo ou na coragem
na pudicícia ou na realidade
no espaço no tempo ou na causa da cidade
porque nós
dentre as espécies
somos a que nada sabe
Erly Welton Ricci
*Hipóstase, do grego hypostasis, significa subsistência, realidade. Na filosofia de Plotino, Deus se deriva em três hipóstases: Uno, nous (Inteligência) e alma, que ele comparava também, respectivamente, com à luz, ao sol e à lua. O termo também é encontrado entre os gnósticos. Um dos livros da biblioteca de Nag Hammadi se chama "A Hipóstase dos Arcontes".
A transcrição latina para Hipóstase é "substância", que, todavia, foi utilizada pela tradição filosófica com significado totalmente diferente do que a utilizada por Plotino. No sentido contemporâneo, é utilizado de maneira pejorativa, porém raramente. Dessa maneira, indica a transformação de um ser em um ente.
fonte:
Wikipedia - A Enciclopédia Livre
Wednesday, January 30, 2008
3 Poemas de josé félix
1.
o teu silêncio
Tens no teu silêncio
o segredo da comunicação
é por isso que os gestos
dizem da textura das palavras incomunicáveis
a árvore é uma frase feita
no teu corpo de seiva fresca
e os dedos, as mãos, os braços
limpam o espaço na mais leve brisa.
2.
a face de deus
Tenho a face de deus na minha face
e o meu sorriso continua a ter
a abertura apolínea dos crisântemos
na fragilidade do sol a sombra
de deus desaparece.
3.
a voz das pedras
Eu percebo a voz das pedras
e sei do silêncio das plantas
de como elas se dobram
ao sopro dos meus lábios
lúdicas como a contagem de estrelas
Na iluminação dos olhos
as pedras brincam nos dedos
como deuses presos na sua forma.
José Félix
in à sombra da amendoeira
fonte: Poetas Lusófonos
nota: t.s. eliot em 1932[The criticism of poetry and the use of criticism] disse: "A experiência da poesia, tal como outra experiência, só é parcialmente traduzível em palavras; nunca é aquilo que o poema diz, o que interessa; mas o que ele é.
1.
o teu silêncio
Tens no teu silêncio
o segredo da comunicação
é por isso que os gestos
dizem da textura das palavras incomunicáveis
a árvore é uma frase feita
no teu corpo de seiva fresca
e os dedos, as mãos, os braços
limpam o espaço na mais leve brisa.
2.
a face de deus
Tenho a face de deus na minha face
e o meu sorriso continua a ter
a abertura apolínea dos crisântemos
na fragilidade do sol a sombra
de deus desaparece.
3.
a voz das pedras
Eu percebo a voz das pedras
e sei do silêncio das plantas
de como elas se dobram
ao sopro dos meus lábios
lúdicas como a contagem de estrelas
Na iluminação dos olhos
as pedras brincam nos dedos
como deuses presos na sua forma.
José Félix
in à sombra da amendoeira
fonte: Poetas Lusófonos
nota: t.s. eliot em 1932[The criticism of poetry and the use of criticism] disse: "A experiência da poesia, tal como outra experiência, só é parcialmente traduzível em palavras; nunca é aquilo que o poema diz, o que interessa; mas o que ele é.
Monday, January 28, 2008
Dois poemas de Alex Mattioli
Astrologia
Se em vagos zodíacos
I-N-U-M-E-R-Á-V-E-I-S efemérides
Contabiliza minha ciência,
Meu novelo de cristal desvenda o gato.
***
Mãezinha
Vê-se bem,
Mal se imagina:
Carinho de mãe,
Cara de menina.
Chega a noite.
“Vem me ninar”,
Finjo dormir
Pra fingir acordar.
Mas ouço trovões,
A luz não acende…
Grito, berro!
Mamãe não me atende.
Calo o meu choro,
Acendo uma vela…
Extingue-se a chama
Dos cuidados dela.
Alex Mattioli
Astrologia
Se em vagos zodíacos
I-N-U-M-E-R-Á-V-E-I-S efemérides
Contabiliza minha ciência,
Meu novelo de cristal desvenda o gato.
***
Mãezinha
Vê-se bem,
Mal se imagina:
Carinho de mãe,
Cara de menina.
Chega a noite.
“Vem me ninar”,
Finjo dormir
Pra fingir acordar.
Mas ouço trovões,
A luz não acende…
Grito, berro!
Mamãe não me atende.
Calo o meu choro,
Acendo uma vela…
Extingue-se a chama
Dos cuidados dela.
Alex Mattioli
Thursday, December 13, 2007
ODEIO II
Em tudo que me falta
na pressa e na calma
Odeio
Em tudo que me causa
avaria e estranheza
Odeio
Principalmente odeio
mas mesmo assim anseio:
os beijos que não dei
os carinhos que não colhi
os caminhos que não escolhi
a casa em que não morei
os versos que não escrevi
Assis Freitas
Em tudo que me falta
na pressa e na calma
Odeio
Em tudo que me causa
avaria e estranheza
Odeio
Principalmente odeio
mas mesmo assim anseio:
os beijos que não dei
os carinhos que não colhi
os caminhos que não escolhi
a casa em que não morei
os versos que não escrevi
Assis Freitas
Wednesday, November 28, 2007
Que
No princípio,
Os sonhos,
Os cantos,
Os beijos,
As flores e as promessas.
Agora,
Pesadelos,
Silêncios,
Solidão,
E um relógio que não conta as horas.
Há somente versos kamikases,
Em busca da vida eterna.
Taís Morais
No princípio,
Os sonhos,
Os cantos,
Os beijos,
As flores e as promessas.
Agora,
Pesadelos,
Silêncios,
Solidão,
E um relógio que não conta as horas.
Há somente versos kamikases,
Em busca da vida eterna.
Taís Morais
Monday, November 19, 2007
Alguns poemas de Vieira Calado:
POEMA ÀS PALAVRAS
Há sempre uma palavra dentro da palavra
um gesto por exemplo
ou o zumbir dum insecto a
levantar o vento morto
Traz uma mensagem fugidia uma essência
que luz ao ritmo do tumulto da claridade
só perceptível pelos reflexos da própria luz
transparente interior das coisas
A sua transcendência identifica o fogo
o perfil exterior e seus artifícios intemporais
E apenas se lê em sinais indicativos
de virtuosos alquimistas procurando o oiro
na flecha no círculo dum arco íris caindo
magnânimo sobre o cinzento da terra
***
POEMA AO PÓ
A redescoberta que é ver o pó, cheirar o pó,
cheirar a pó. É um rumor inerte, um retrato
tangível de outras memórias perfurantes,
um vazio entre azuis e baços no chão da terra
gritando segredos abatidos ao silêncio ileso.
Praticar a ciência do pó é viajar pelos gelos
da montanha, um texto insondável de signos
sobre a água, reminiscência doutras águas
de apenas a cognição nua, virgem, das fontes
é desvendar a erosão, o murmúrio de colunas
gregas, efémeras, a inocente exaltação das aves
assim que o sol reacende a festa inadiável
e contemplar uma indústria sem nome e sem data,
sem prólogo, divina, puríssima, demoníaca.
***
POEMA À MIRAGEM
Este dia é apenas uma miragem
restos de sombras, sombra.
Dos seus beirais caiem fugidias ruas
em estilhaços sobre o lancil da luz,
pedaços de memórias, ruínas
de palavras nunca ditas.
Tudo é silêncio e névoa
nas grandes viagens transcendentais
ao coração matinal dos pássaros, à núbil
ciência abstracta dos insectos.
Imagem que se desfaz em imagens
de pólen, circunscrito a um lugar
cada vez mais longínquo
que se ateia e logo morre
em nossas mãos.
***
O EDIFÍCIO DAS PALAVRAS
O edifício das palavras,
o projecto inerente à ideia
e aos degraus da leitura,
o processo linear dos sons
e dos afectos
um pouco de embriaguês
para questionar as sombras e a luz
eis a explosão programada
o poema
a desobediência aos mistérios
no desassossego e na emoção
de dizer o indizível
à luz do dia.
***
QUANDO ME AUSENTAR
Quando me ausentar direi os nomes
de todas as essências, as cores inscritas
ao longo da estrada imóvel. Indulgente,
irei desenhando as formas do repouso,
o ouro e a prata do pôr do sol morrendo
sobre as árvores da montanha alta,
um redemoinho de pura água refazendo
em água o limbo deslizante do rio.
E gritarei a minha infinita gratidão
pela geometria das distâncias vãs
que alentaram o meu sangue para o vazio
que enche de ar, o ar que respiramos.
Vieira Calado é poeta português autor (entre outros) dos livros de poesias: 37 poemas - Os Sinais da Terra - Poema para Hoje - Objecto Experimental - A Palavra em Duas - O Frio dos Dias - Como um Relógio de Areia - Poemas Primeiros (reedição) - Transparências - Lagos Ontem (2ª edição) - Por detrás das Palavras - Terrachã - Poemetos - Poemas Soltos & Dispersos.
POEMA ÀS PALAVRAS
Há sempre uma palavra dentro da palavra
um gesto por exemplo
ou o zumbir dum insecto a
levantar o vento morto
Traz uma mensagem fugidia uma essência
que luz ao ritmo do tumulto da claridade
só perceptível pelos reflexos da própria luz
transparente interior das coisas
A sua transcendência identifica o fogo
o perfil exterior e seus artifícios intemporais
E apenas se lê em sinais indicativos
de virtuosos alquimistas procurando o oiro
na flecha no círculo dum arco íris caindo
magnânimo sobre o cinzento da terra
***
POEMA AO PÓ
A redescoberta que é ver o pó, cheirar o pó,
cheirar a pó. É um rumor inerte, um retrato
tangível de outras memórias perfurantes,
um vazio entre azuis e baços no chão da terra
gritando segredos abatidos ao silêncio ileso.
Praticar a ciência do pó é viajar pelos gelos
da montanha, um texto insondável de signos
sobre a água, reminiscência doutras águas
de apenas a cognição nua, virgem, das fontes
é desvendar a erosão, o murmúrio de colunas
gregas, efémeras, a inocente exaltação das aves
assim que o sol reacende a festa inadiável
e contemplar uma indústria sem nome e sem data,
sem prólogo, divina, puríssima, demoníaca.
***
POEMA À MIRAGEM
Este dia é apenas uma miragem
restos de sombras, sombra.
Dos seus beirais caiem fugidias ruas
em estilhaços sobre o lancil da luz,
pedaços de memórias, ruínas
de palavras nunca ditas.
Tudo é silêncio e névoa
nas grandes viagens transcendentais
ao coração matinal dos pássaros, à núbil
ciência abstracta dos insectos.
Imagem que se desfaz em imagens
de pólen, circunscrito a um lugar
cada vez mais longínquo
que se ateia e logo morre
em nossas mãos.
***
O EDIFÍCIO DAS PALAVRAS
O edifício das palavras,
o projecto inerente à ideia
e aos degraus da leitura,
o processo linear dos sons
e dos afectos
um pouco de embriaguês
para questionar as sombras e a luz
eis a explosão programada
o poema
a desobediência aos mistérios
no desassossego e na emoção
de dizer o indizível
à luz do dia.
***
QUANDO ME AUSENTAR
Quando me ausentar direi os nomes
de todas as essências, as cores inscritas
ao longo da estrada imóvel. Indulgente,
irei desenhando as formas do repouso,
o ouro e a prata do pôr do sol morrendo
sobre as árvores da montanha alta,
um redemoinho de pura água refazendo
em água o limbo deslizante do rio.
E gritarei a minha infinita gratidão
pela geometria das distâncias vãs
que alentaram o meu sangue para o vazio
que enche de ar, o ar que respiramos.
Vieira Calado é poeta português autor (entre outros) dos livros de poesias: 37 poemas - Os Sinais da Terra - Poema para Hoje - Objecto Experimental - A Palavra em Duas - O Frio dos Dias - Como um Relógio de Areia - Poemas Primeiros (reedição) - Transparências - Lagos Ontem (2ª edição) - Por detrás das Palavras - Terrachã - Poemetos - Poemas Soltos & Dispersos.
Sunday, November 18, 2007
3 poemas da Ana Maria Costa:
Prenúncio
novembro trouxe sombras
de inverno.
acácias insistem,
traços amarelos
claridades sufocadas
entre folhagens de nimbos,
nenhum resto de azul
vem resgatar a tarde
***
Dias iguais
mansidão de rês
rebanhos
transpassando mansamente
a vastidão do dia
sempre o mesmo chegar
as mesmas marcas no chão
sempre a mesma direção
e o monótono refrão
tange
tange...
o rebanho
manso
a ruminar horizontes
***
Crepúsculo
hora derradeira
cometa suicida
coral vivo
quedo-me
no horizonte
limiar da noite
brotam, brotam
precipícios
que alcanço
entranhas negras
a me devorar
a luz
Ana Maria Costa é poeta e autora do livro "Dança das Cores", publicado em 2007.
Prenúncio
novembro trouxe sombras
de inverno.
acácias insistem,
traços amarelos
claridades sufocadas
entre folhagens de nimbos,
nenhum resto de azul
vem resgatar a tarde
***
Dias iguais
mansidão de rês
rebanhos
transpassando mansamente
a vastidão do dia
sempre o mesmo chegar
as mesmas marcas no chão
sempre a mesma direção
e o monótono refrão
tange
tange...
o rebanho
manso
a ruminar horizontes
***
Crepúsculo
hora derradeira
cometa suicida
coral vivo
quedo-me
no horizonte
limiar da noite
brotam, brotam
precipícios
que alcanço
entranhas negras
a me devorar
a luz
Ana Maria Costa é poeta e autora do livro "Dança das Cores", publicado em 2007.
Tuesday, November 13, 2007
Alguns poemas de Bruno Candéas:
FARELO
o poema
tem que ser
sequinho
MAGRO
se possivel
nordestino
desnutrido
e valente
deve ser
raquitico
definido
COUREOSSO
***
CORROSÃO
A fome dos novos
bandidos poetas
nem sempre alertas
ao tempo q vai.
Os prédios destroços
monumentos d'outrora
na rua da Aurora
ou boca do cais.
Guris mergulhando
no límpido rio
só pra quem viu
não existe mais.
***
(sem título I)
O estilo
traz malícia
e almalícita
vem co'as
verdades
q ardem
e violam
co'as
mentiras
q atiram
e matam
com a
peçonha
das noites
q não
se sonha
respingos
d tudo
q deixamos
mudo
***
(sem título II)
o ser
substância
se mistura
com a terra
se une ao
cromossomo
se adequa
aos desníveis
nos burla
nos empurra
nos penetra
prolifera
danifica
o q somos
soma-se
aos desgostos
nos habita
nos limita
Bruno Candéas nasceu em Campina Grande/PB.
Residiu em Belém/PA, Taguatinga/DF e Rio de janeiro/RJ e atualmente vive em Recife/PE.
É autor dos livros: "Poeta nu na alcova" (2002), "Filé 1,99" (2003),
"A Trégua dos ditadores" (2004), "Férias do gueto" (2005) e " Indigestual" (2007).
Integrou as antologias "Painel brasileiro de novos talentos/RJ",
"Livro de ouro da poesia brasileira /RJ", "Palavras que falam/SP", "Best seller 2006/SP", "Antologia del'secchi/RJ", "Margens do Atlântico/PR", "Marginal Recife III/PE",
"Antologia Komedi/SP", "Antologia de poetas brasileiros contemporâneos/RJ",
"Uma história no seu tempo/SP", "Letras Contemporâneas/RS" e outras.
Colaborou com um centena de fanzines, revistas, jornais e sites, no Brasil e no exterior.
Leia mais em:
Inter Poética
Alma de Poeta
FARELO
o poema
tem que ser
sequinho
MAGRO
se possivel
nordestino
desnutrido
e valente
deve ser
raquitico
definido
COUREOSSO
***
CORROSÃO
A fome dos novos
bandidos poetas
nem sempre alertas
ao tempo q vai.
Os prédios destroços
monumentos d'outrora
na rua da Aurora
ou boca do cais.
Guris mergulhando
no límpido rio
só pra quem viu
não existe mais.
***
(sem título I)
O estilo
traz malícia
e almalícita
vem co'as
verdades
q ardem
e violam
co'as
mentiras
q atiram
e matam
com a
peçonha
das noites
q não
se sonha
respingos
d tudo
q deixamos
mudo
***
(sem título II)
o ser
substância
se mistura
com a terra
se une ao
cromossomo
se adequa
aos desníveis
nos burla
nos empurra
nos penetra
prolifera
danifica
o q somos
soma-se
aos desgostos
nos habita
nos limita
Bruno Candéas nasceu em Campina Grande/PB.
Residiu em Belém/PA, Taguatinga/DF e Rio de janeiro/RJ e atualmente vive em Recife/PE.
É autor dos livros: "Poeta nu na alcova" (2002), "Filé 1,99" (2003),
"A Trégua dos ditadores" (2004), "Férias do gueto" (2005) e " Indigestual" (2007).
Integrou as antologias "Painel brasileiro de novos talentos/RJ",
"Livro de ouro da poesia brasileira /RJ", "Palavras que falam/SP", "Best seller 2006/SP", "Antologia del'secchi/RJ", "Margens do Atlântico/PR", "Marginal Recife III/PE",
"Antologia Komedi/SP", "Antologia de poetas brasileiros contemporâneos/RJ",
"Uma história no seu tempo/SP", "Letras Contemporâneas/RS" e outras.
Colaborou com um centena de fanzines, revistas, jornais e sites, no Brasil e no exterior.
Leia mais em:
Inter Poética
Alma de Poeta
Monday, November 05, 2007
Preciso
porque é preciso arrancar
estrelas do mar
mais profundo
e enfeitar com elas
o teto do quanto
ainda se tem
de alma
de canto
de amor
Célia Lima
porque é preciso arrancar
estrelas do mar
mais profundo
e enfeitar com elas
o teto do quanto
ainda se tem
de alma
de canto
de amor
Célia Lima
Sunday, November 04, 2007
Lascaux
1986
no cinema de Lascaux
(imagem sobre imagem)
cortes:
séculos de Klee
recortes de cores
nos desenhos do Kane
na voz bellae
(Billie & Ella)
nas suas pernas cruzadas
em frente à tv
mágico quase acaso
colorindo
(como que sem querer)
a caverna escura
em que a gente se vê
Frederico Barbosa
1986
no cinema de Lascaux
(imagem sobre imagem)
cortes:
séculos de Klee
recortes de cores
nos desenhos do Kane
na voz bellae
(Billie & Ella)
nas suas pernas cruzadas
em frente à tv
mágico quase acaso
colorindo
(como que sem querer)
a caverna escura
em que a gente se vê
Frederico Barbosa
catacredos
não tenho ser nem honra
nem fé nem lei
a faca do crime
que não sei
nenhuma idéia
ou meia na mala
e enquanto tarda
azia das horas
a dor que sinto
não estala
a morte que vivo
vai embora
escrava cardíaca
réu do desejo
para o decurso
das coisas tolas
não há nada além
do que vejo
feixe de nervos
nau sem mar sem proa
sou muitas mentiras
uma só pessoa
Erly Welton Ricci
não tenho ser nem honra
nem fé nem lei
a faca do crime
que não sei
nenhuma idéia
ou meia na mala
e enquanto tarda
azia das horas
a dor que sinto
não estala
a morte que vivo
vai embora
escrava cardíaca
réu do desejo
para o decurso
das coisas tolas
não há nada além
do que vejo
feixe de nervos
nau sem mar sem proa
sou muitas mentiras
uma só pessoa
Erly Welton Ricci
Friday, October 05, 2007
Coletânea de autores blogueiros II
A Loba está organizando a segunda coletânea de autores blogueiros, este ano o livro terá apenas 30 autores - os primeiros a se inscrever.
A inscrição deverá ser feita até o dia 15/10.
Mais informações: Coletânea de Blogueiros
A Loba está organizando a segunda coletânea de autores blogueiros, este ano o livro terá apenas 30 autores - os primeiros a se inscrever.
A inscrição deverá ser feita até o dia 15/10.
Mais informações: Coletânea de Blogueiros
Monday, October 01, 2007
lembranças
uma manhã de nuvens
cheirando verão
as paredes prendendo
o silêncio do tempo
o relógio chorando
os minutos iguais
e a espera deitando
no prato de arroz
uma tarde chuvosa
beirando natal
o chão dormitando
na enchente do rio
um sino brincando
de sete marias
e a boca engolindo
o gosto de jiló
uma noite pingando
dentro e fora do mito
um dormente de trilho
sem apito de trem
um lenço enxugando
o choro do vento
os olhos guardando
promessas perdidas
e o tempo partido
derivando para a vida
Loba/Euza Noronha
uma manhã de nuvens
cheirando verão
as paredes prendendo
o silêncio do tempo
o relógio chorando
os minutos iguais
e a espera deitando
no prato de arroz
uma tarde chuvosa
beirando natal
o chão dormitando
na enchente do rio
um sino brincando
de sete marias
e a boca engolindo
o gosto de jiló
uma noite pingando
dentro e fora do mito
um dormente de trilho
sem apito de trem
um lenço enxugando
o choro do vento
os olhos guardando
promessas perdidas
e o tempo partido
derivando para a vida
Loba/Euza Noronha
Monday, September 17, 2007
Edições Árvore dos Poemas e Mixpan Indústria e Comércio Ltda, convidam a todos para participarem do Pão & Poesia
Em breve lançaremos o projeto PÃO & POESIA. Inicialmente, serão impressas 300.000 embalagens com poemas no verso das mesmas. Os clientes das padarias, participantes do projeto, além de levarem pães para o café da manhã, levarão de brinde - poemas. As pessoas, que desejarem participar do projeto, devem enviar seus poemas para pao.poesia@yahoo.com.br - um dos objetivos, é divulgar novos autores, que permutem conosco a liberação dos direitos autorais, pela divulgação de seus trabalhos.
Mais informações aqui: Pão & Poesia
Wednesday, August 22, 2007
Resolução
Não é fim de ano,
Nem de Semana.
Em alguns dias,
Mais rugas aparecerão na minha face,
Fios se descobrirão no meu cabelo,
Como em um 3x4 antigo,
Amarelo como as marcas de tinta-óleo no
Papel de parede.
Não é fim,
Nem começo,
É apenas o tempo passando...
Taís Morais
Não é fim de ano,
Nem de Semana.
Em alguns dias,
Mais rugas aparecerão na minha face,
Fios se descobrirão no meu cabelo,
Como em um 3x4 antigo,
Amarelo como as marcas de tinta-óleo no
Papel de parede.
Não é fim,
Nem começo,
É apenas o tempo passando...
Taís Morais
Monday, August 20, 2007
Viviane A. Marconato: Professora, pedagoga, psicopedagoga e também pós-graduada em interdisciplinaridade. Nasceu em São Pedro do Sul, no dia 02/07/1965. Escreve desde os 12 anos, até hoje, poesias e prosa. Faz parte como uma das coordenadoras em Santa Maria e Secretária do movimento virArte onde tem alguns trabalhos publicados: na Agenda Poética 2007, Voragem 2007, Aldeia, Cidade (En) Canto 2007. É integrante da CAPOSAM (Casa DO Poeta de Santa Maria) onde participou das antologias: Confraria (In) Verso II, III, IV, V_no Jornal Letras Santiaguense ( Edição trimestral), Jornal Cidadão (São Pedro do Sul), Diário de Santa Maria. Também faz parte do recanto do Escritor Segatto, onde participou com poesias, crônicas e prosa, nas Coletâneas Conquistando Mais Amizades do que Solidão XI, XIII, XIV, XV bem como outras antologias, em São Luiz Gonzaga e São Pedro do Sul de 2007.
( De longe, vejo... )
De longe, vejo
teus olhos em meio
a neve
Logo sedas avermelhadas
soltam-se
como se fossem
plumas...
Caem, sangram
respingam na
menina o tempo
que não volta mais.
Viviane Marconato
Wednesday, August 15, 2007
Painel da Poesia Brasileira Contemporânea
Se você já foi publicado pela CBJE, poderá postar aqui 01 (um) poema inédito por dia. Todos os poemas serão avaliados pelos moderadores que decidirão pela veiculação ou não. Este painel é atualizado três vezes por dia, e os trabalhos publicados ficam no ar durante 7 sete dias. Você poderá, também, fazer comentários sobre as obras publicadas ou, especificamente, sobre determinado poema. Os emails dos poetas e dos comentaristas também serão publicados.
Leia os poemas aqui:
Poetas da vez
Se você já foi publicado pela CBJE, poderá postar aqui 01 (um) poema inédito por dia. Todos os poemas serão avaliados pelos moderadores que decidirão pela veiculação ou não. Este painel é atualizado três vezes por dia, e os trabalhos publicados ficam no ar durante 7 sete dias. Você poderá, também, fazer comentários sobre as obras publicadas ou, especificamente, sobre determinado poema. Os emails dos poetas e dos comentaristas também serão publicados.
Leia os poemas aqui:
Poetas da vez
Wednesday, June 27, 2007
Flap 2007
São Paulo:
29 de junho. Casa das Rosas (Av. Paulista, n° 37)
30 de junho e 1º de julho. Espaço dos Satyros I (Pça. Roosevelt, nº 214)
Rio de Janeiro:
4 e 5 de agosto
Realização
Projeto Identidade
Apoio
O Casulo, Casa das Rosas, Os Satyros & Sebo do Bac
outras informações aqui
Thiago Ponce de Moraes, neste livro de estréia, mostra sua vocação para mutações - permutações da linguagem virando do avesso o discurso do cotidiano e o lirismo comedido, em busca de outras direções para a jornada poética. "catálogo da Editora Caetés - ver lançamentos"
Cinco retalhos
a Meu Abstrato Mestre
II
Ali está
Junto ao meio-dia
No fundo largo e solitário
Da basta melancolia
III
Ali está
Uma alma ainda
Reside mansas nuvens
Ainda sombras de mergulho
A imagem a imagem
Sono este
Sonho branco
Estranhíssimo marfim
IV
Mole floresce (folhas)
Sombreia sombras
(Ali estão)
Aranhas bebem
Porção de cores
Dormem tranqüilas
Escuras
(Poças)
V
Luz que brisa
Nenhum
A
Paga
Que espelho
Nenhum
Que
Brado
(Só uma
Palavr
A
Vara
Que afund
A
Funda)
Thiago Ponce de Moraes
IMP. lançado esta semana em São Paulo - SP na Casa das Rosas (Av. Paulista, n° 37)
Thursday, May 17, 2007
LEILA MÍCCOLIS - Carioca, advogada. Mestra em Teoria Literária/UFRJ. 30 livros editados (poesia e prosa), Edita o portal Blocos Online, com Urhacy Faustino.
ESTABILIDADE
Vivemos como casal:
você trabalha demais,
me sustenta,
proíbe isso e aquilo,
exige a casa arrumada,
quer almoço à uma hora,
o jantar às sete e meia,
sobremesas variadas...
Com teus caprichos concordo,
e por vingança, te engordo.
Leila Míccolis
Friday, May 11, 2007
Último acorde do violino solitário
nada sei sobre a vidinha
do pernilongo
que mato indiferente
na parede.
mas desconfio que era a única
que ele tinha.
Ulisses Tavares
nada sei sobre a vidinha
do pernilongo
que mato indiferente
na parede.
mas desconfio que era a única
que ele tinha.
Ulisses Tavares
Wednesday, May 09, 2007
o Poeta Enzo Carlo Barrocco
Enzo Carlo Barrocco, por batismo, Efraim Manassés Pinheiro (Tracuateua, 1960) poeta, contista e pesquisador literário paraense.
O ESPANTALHO
Eu não sou de espantar,
espantalho à espera do pássaro;
infeliz mas atento a um olhar.
De repente um sol casual,
e um vento lacerante desfaz meus cabelos
no flavo infinito do milharal.
Olhos parados, alma vulgar.
Imóvel, impávido, patético,
como bem disse eu não sou de espantar.
Enzo Carlo Barrocco
Wednesday, May 02, 2007
o Poeta Leandro Jardim ( Rio de Janeiro )
CRISE DOS 27
passei pelo passado,
tão atento que descuidado
passo pelo presente,
tão cansado que antecedente
passei pelo futuro,
tão antes que o vi escuro
Leandro Jardim
Tuesday, May 01, 2007
Autores:
Ana Wilinski
Cármen Rocha
Christina Magalhães Herrmann
Condorcet Aranha
Fabbio Cortez
Fernando Paganatto
Gerson Ney França
Gisele de Carvalho
Leila Míccolis
Maria da Graça Almeida
Márcia Sanchez Luz
Marlene Andrade Martins
Patrícia Evans
Rizolete Fernandes
Silvia Paiva.
Convidados especiais: Lêdo Ivo e Suzana Vargas
Leia o livro em Blocos
Monday, April 23, 2007
o Poeta Willian E Silva (Belo Horizonte/MG - Brasil, 35 anos)
Ohlepse on oxelfer
A hora do relógio refletida no espelho é invertida.
É o retrotempo.
Lá também serão antípodas
atos, fatos e sentimentos?
Quem sabe, nosso fim não seja a morte,
mas sim o nascimento?
Urge rearquitetar a álgebra
para se navegar com as coordenadas
de um mapa projetado!
Meras divagações...
Eu, com novas tintas, recém-canhoto,
de cá, vejo lá minha mão desenhar
uns riscos em seu corpo nu afora.
Agora, já não importa a direção,
pois todos os caminhos levam a Roma sempre.
Roma, que é “amor”, escrito de trás para frente...
William E Silva
Monday, April 02, 2007
Futuros amantes
Quando a gente se cruzar
Eu te anoitecerei
Você me amanhecerá
De improviso te amarei
No escuro atravessarei
Travesseiros e sentidos
E da cama restará
A carne a nos chamar
Você irá me acontecer
Revirar os meus conceitos
Farrear nos meus ouvidos
E num solo enlouquecido
Meu corpo cantará
Um amor desvestido
Então serei língua
Abusando o seu corpo
Você será riso
Cantando o seu gozo
E numa líquida folia
Em dueto comporemos
Nossa nova poesia
Euza Noronha
Quando a gente se cruzar
Eu te anoitecerei
Você me amanhecerá
De improviso te amarei
No escuro atravessarei
Travesseiros e sentidos
E da cama restará
A carne a nos chamar
Você irá me acontecer
Revirar os meus conceitos
Farrear nos meus ouvidos
E num solo enlouquecido
Meu corpo cantará
Um amor desvestido
Então serei língua
Abusando o seu corpo
Você será riso
Cantando o seu gozo
E numa líquida folia
Em dueto comporemos
Nossa nova poesia
Euza Noronha
Wednesday, March 28, 2007
Hernany Luiz Tafuri Ferreira Júnior nasceu em Juiz de Fora, MG, em 1982.Trabalha como digitador e auxiliar de revisão no "Jornal do Poeta", periódico onde publica desde novembro de 2004. Publica poemas, contos e crônicas nas antologias da CBJE/RJ; participa do projeto "Curta Poesia" do "Jornal Intervalo"/RJ; antologia "Contos ao Mar" da Editora "Andross"/SP; "Antologia de Poesia Amorosa" organizada pelo poeta peruano Santiago Risso, que conta com poetas das Américas, Europa e África, em 2006. Recebeu os seguintes prêmios: 1º lugar na classificação do "V Festival Cultural da Cidade de Itatiba - SP" com o poema "Mente(?)"; PRATA no XVII Concurso Nacional de Poesia “Werner Horn” da ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE PARANAPUÃ, com o poema "Quanto vale?" e primeiro lugar no Prêmio missões/RS (2007).
Quanto vale?
Quanto vale a dignidade
de um homem? Um pão?
Um mísero trocado?
Um favor ou uma laje
de concreto armado?
Quanto vale a conduta
de um homem?
Uma pérola ou um
chiqueiro? Um milhão
ou um país inteiro?
Quanto vale um voto?
Um jogo de camisas
de futebol? Um lugar ao sol?
A anticonsciência
da corrupção? A insatisfação
do dever amolecido
ou a certeza do direito
corrompido?
Quanto vale um poema?
(Este, não está à venda).
Hernany Tafuri
Tuesday, March 27, 2007
Domínio
Desfazer os laços dos olhos
é enxergar o presente
um dia a mais,
feito sob medida
para recarregar o futuro.
Eliane Alcântara
leia mais AQUI
Saturday, March 24, 2007
Juan Pomponio
Nacionalidad: Argentina.
Edad: 37
Lugar de nacimiento: Berazategui, 23 de septiembre de 1966
entre outros: autor do livro Salvaje
e participação em diversas antologias
ENFEITIÇADA
Os ossos do tempo
lamentam a ausência
do teu efêmero riso,
que jaz submerso
em cântaros cheios,
a transbordar,
de cristais azuis,
aromatizados com uma
velha fórmula,
constante à distância
da lua, novamente
forjada, por ferreiros antigos,
com o frágil
metal do teu sorriso.
Juan Pomponio
Friday, March 23, 2007
Quando não te acho, adoeço
E procuro-me
Pro curo me
tudo já está dito no início
no latim
procurare
dever ser a origem, sei lá
pro curare
procuro-me procuro-me
curar-me , curar-me
que ferida é esta alguém pergunta
a mesma que a sua
a da mordida
a da mordida na maçã
a maçã é a gente mesmo
claro
procurare da mordida
procurar-me da mordida
procurar-me na ferida
há de ser lá onde o olho vibra
há de ser lá na ardência mesmo do inferno
no calor gigantesco da criação
na ebulição do vulcão
onde os diabos gritam
que hei de encontrar-me...
encontrar-me frente a frente
esbarrar no outro cão
e reconhecer-se
reconhecer-se
no mais forte clarão.
Jokasta
Monday, March 19, 2007
Edinara Leão publicou Minhas Faces (1991), (a)MOSTRAgem (2001) e Quando sopram os trigais (2006). Tem participação em mais de 70 coletâneas literárias. Foi escolhida a Escritora do ano em 2001, 2003 e 2004. É sócia honorária da CAPORI, recebeu em 2003 a Medalha Nelson Fachinelli de incentivo à cultura. Presidiu a Casa do Poeta de São Luiz Gonzaga em 2002 e 2003. É idealizadora e fundadora do Movimento virArte, que coordena desde 21/10/2003. Edinara vem se destacando como um dos novos nomes da literatura contemporânea.
Pecado
Primeiro
ele se achegou
com uma flor na mão
depois
mexeu na casa
cortou meus cabelos
fez nossa comida
e então
tomou meu ventre
e cometemos o pecado
de amar
sem amor
Edinara Leão
Wednesday, March 07, 2007
UNA CARTA PARA DIOS, do escritor argentino ALBERTO ANTONIO SORIA (edição bilíngüe),
lançado na data de seu falecimento (5/3/2003, Pará).
Homenagem de sua esposa Heliana Baía Evelin Soria, tradutora da obra
LXI
Trazendo coisas para a memória
confesso não ter recordação
de quando vi o Sol pela primeira vez
e mais triste ainda ,
não sei quando o verei pela última vez
ALBERTO ANTONIO SORIA
leia mais em BLOCOS
Monday, March 05, 2007
desconheça-me...
desconheça-me, amor imenso
pois meu céu esqueceu o azul
nas primeiras rachaduras do pôr-do-sol
e eu tenho a alma
DESESPERADAMENTE
carcomida por cores mortas.
Douglas D.
desconheça-me, amor imenso
pois meu céu esqueceu o azul
nas primeiras rachaduras do pôr-do-sol
e eu tenho a alma
DESESPERADAMENTE
carcomida por cores mortas.
Douglas D.
Saturday, February 10, 2007
Imanência
era no entardecer
minha mania de chover em lágrimas
de puro nada dentro
uma agonia da voz do vento
que nem comigo mexia
ao me encrespar os fios
era no lusco-fusco
minha errância de tristeza informe
meu medo vazio de coisas
era no crepúsculo que eu morria
de angina ou de nevralgia
por ansiedade não sabida
era no pôr-do-sol
minha identificação
com a finitude dele
e de mim.
Dora Vilela
era no entardecer
minha mania de chover em lágrimas
de puro nada dentro
uma agonia da voz do vento
que nem comigo mexia
ao me encrespar os fios
era no lusco-fusco
minha errância de tristeza informe
meu medo vazio de coisas
era no crepúsculo que eu morria
de angina ou de nevralgia
por ansiedade não sabida
era no pôr-do-sol
minha identificação
com a finitude dele
e de mim.
Dora Vilela
Friday, February 09, 2007
A minha...
A minha
vida
estreita,
espreita
esperas.
Respira...
Suspira
Inspira
Retém.
Refém
dos teus
passos,
minha alma
já não voa,
caminha.
Lenta,
arrasta
horas
e asas
Míriam Monteiro
A minha
vida
estreita,
espreita
esperas.
Respira...
Suspira
Inspira
Retém.
Refém
dos teus
passos,
minha alma
já não voa,
caminha.
Lenta,
arrasta
horas
e asas
Míriam Monteiro
Monday, January 29, 2007
um quase bucolismo
laranjeiras
goiabeiras
mangueiras
e passarinhos
em onomatopéia outonal
frutas no chão
adubando vaidades
nos olhos compridos
do garoto
o catecismo:
a terra é de deus
em algaravia de zumbidos
a cerca vai desmentindo:
é
do
diabo
do
dono
Euza Noronha
http://corpusetanima.blogspot.com/
...
laranjeiras
goiabeiras
mangueiras
e passarinhos
em onomatopéia outonal
frutas no chão
adubando vaidades
nos olhos compridos
do garoto
o catecismo:
a terra é de deus
em algaravia de zumbidos
a cerca vai desmentindo:
é
do
diabo
do
dono
Euza Noronha
http://corpusetanima.blogspot.com/
...
Sunday, January 28, 2007
EXPLORADOR
Dançam mãos
em corpos de acalantos,
enigmas palpáveis,
cabelos e pêlos
que se escoam
em depilações
e músculos exatos
de abraços sinceros.
Assim,
muito mais agradecerei à vida
por ter feito de você
a minha melhor
descoberta.
Vicente Siqueira
http://docespoesias.blogspot.com
...
Dançam mãos
em corpos de acalantos,
enigmas palpáveis,
cabelos e pêlos
que se escoam
em depilações
e músculos exatos
de abraços sinceros.
Assim,
muito mais agradecerei à vida
por ter feito de você
a minha melhor
descoberta.
Vicente Siqueira
http://docespoesias.blogspot.com
...
Sunday, January 21, 2007
das tragédias
Na desertidão abafada
No silêncio suspenso do depois da catástrofe
Vê: a silhueta ao longe
o poeta ainda anda
por entre os escombros
se abaixa
cata estrofes
e vai se curvando
com seu peso nos ombros.
czarina
http://sabedoriadeimproviso.wordpress.com
...
Na desertidão abafada
No silêncio suspenso do depois da catástrofe
Vê: a silhueta ao longe
o poeta ainda anda
por entre os escombros
se abaixa
cata estrofes
e vai se curvando
com seu peso nos ombros.
czarina
http://sabedoriadeimproviso.wordpress.com
...
Friday, January 19, 2007
Princípios
Tecem a vida
As manhãs
E as horas
Tuas mãos
Tecem
A lã
Silenciosa do dia
Ocultas
Tecem
A teia
O pescador
E a rede
E destinos
Que se estendem
Nesse mar-tempo.
Ana Maria Costa
http://amnascentes.blogspot.com/
...
Tecem a vida
As manhãs
E as horas
Tuas mãos
Tecem
A lã
Silenciosa do dia
Ocultas
Tecem
A teia
O pescador
E a rede
E destinos
Que se estendem
Nesse mar-tempo.
Ana Maria Costa
http://amnascentes.blogspot.com/
...
Tuesday, January 16, 2007
a nossa é...
a nossa
é paixão
mal resolvida
olhos
que se estudam
mãos
que se encontram
e lábios
que dizem não
Ademir Antonio Bacca
http://ademirbacca.blogspot.com/
...
a nossa
é paixão
mal resolvida
olhos
que se estudam
mãos
que se encontram
e lábios
que dizem não
Ademir Antonio Bacca
http://ademirbacca.blogspot.com/
...
Monday, January 15, 2007
Enquanto a cidade dorme
Enquanto a cidade dorme
rememoro
enxovalhados pensamentos
olho o asfalto e as luzes,
mas não vejo nada
- tudo que vejo é nada -
um coletivo
duas ou três pessoas
um cachorro,
idas e voltas
a cidade dorme
e não posso adormecer também
Edinara Leão
http://edinaraleao.blogspot.com/
...
Enquanto a cidade dorme
rememoro
enxovalhados pensamentos
olho o asfalto e as luzes,
mas não vejo nada
- tudo que vejo é nada -
um coletivo
duas ou três pessoas
um cachorro,
idas e voltas
a cidade dorme
e não posso adormecer também
Edinara Leão
http://edinaraleao.blogspot.com/
...
Saturday, January 13, 2007
Ótica
De tão clara
A luz se fez Poesia
E as trevas
Intervalo dos meus olhos
Desenharam o Poema
Para que a vida
Tivesse filhos
E em mim
Os versos que gritam
Não fossem órfãos.
Eliane Alcântara
http://www.eliane_alcantara.blogger.com.br/
...
De tão clara
A luz se fez Poesia
E as trevas
Intervalo dos meus olhos
Desenharam o Poema
Para que a vida
Tivesse filhos
E em mim
Os versos que gritam
Não fossem órfãos.
Eliane Alcântara
http://www.eliane_alcantara.blogger.com.br/
...
Wednesday, January 10, 2007
Molhado ou seco
No saibro rosado joga-se um ponto
Que cresce, transforma-se em dois.
Não se sabe se é molhado ou seco
Miúdas vagens de pequenos sóis.
A ferrugem pinta o trilho de marrom
Invadindo a textura da hora e do dia
Lamento longo de um homem pouco pintado
Que não se lembra mais para onde ia.
PHYLOS
http://quintaldaruaacre.blogspot.com/
...
No saibro rosado joga-se um ponto
Que cresce, transforma-se em dois.
Não se sabe se é molhado ou seco
Miúdas vagens de pequenos sóis.
A ferrugem pinta o trilho de marrom
Invadindo a textura da hora e do dia
Lamento longo de um homem pouco pintado
Que não se lembra mais para onde ia.
PHYLOS
http://quintaldaruaacre.blogspot.com/
...
Saturday, January 06, 2007
PEDRA RARA
e antes que a noite
engula o dia
volto aos campos
semeados
da sagrada poesia
onde há
luz
lírios
línguas
luminescentes
entalhadas
na dor
do meu diamante
bruto
Célia Musilli
http://sensivelldesafio.zip.net/
...
e antes que a noite
engula o dia
volto aos campos
semeados
da sagrada poesia
onde há
luz
lírios
línguas
luminescentes
entalhadas
na dor
do meu diamante
bruto
Célia Musilli
http://sensivelldesafio.zip.net/
...
Thursday, January 04, 2007
Certezas
Fico em silêncio,
no escuro.
Um refúgio não é
tempo de solidão.
Quantas vidas se é capaz
de esperar
pelo que se sabe
que vem?
CeciLia Cassal
http://ceciliacassal.blogspot.com/
...
Fico em silêncio,
no escuro.
Um refúgio não é
tempo de solidão.
Quantas vidas se é capaz
de esperar
pelo que se sabe
que vem?
CeciLia Cassal
http://ceciliacassal.blogspot.com/
...
Monday, December 25, 2006
Princípios
Inquieto-me.
Desavisada, atingida
por múltiplos reflexos.
Agito-me.
Sob o pálio das horas, atravessada
de vivas transfixações.
Não há repouso possível
no tortuoso cerne da vontade.
Compassivo parêntese, ou
intervalo de remissão.
Movida por inqualificável sopro,
mão despercebida, irresistível coação.
Dentre os sismos da memória,
a fagulha da criação.
Zingarah
http://lazingarah.blog.uol.com.br/index.html
...
Inquieto-me.
Desavisada, atingida
por múltiplos reflexos.
Agito-me.
Sob o pálio das horas, atravessada
de vivas transfixações.
Não há repouso possível
no tortuoso cerne da vontade.
Compassivo parêntese, ou
intervalo de remissão.
Movida por inqualificável sopro,
mão despercebida, irresistível coação.
Dentre os sismos da memória,
a fagulha da criação.
Zingarah
http://lazingarah.blog.uol.com.br/index.html
...
Subscribe to:
Posts (Atom)