Monday, January 29, 2007

um quase bucolismo

laranjeiras
goiabeiras
mangueiras
e passarinhos
em onomatopéia outonal

frutas no chão
adubando vaidades

nos olhos compridos
do garoto
o catecismo:
a terra é de deus

em algaravia de zumbidos
a cerca vai desmentindo:
é
do
diabo
do
dono

Euza Noronha

http://corpusetanima.blogspot.com/
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Sunday, January 28, 2007

EXPLORADOR

Dançam mãos
em corpos de acalantos,
enigmas palpáveis,
cabelos e pêlos
que se escoam
em depilações
e músculos exatos
de abraços sinceros.
Assim,
muito mais agradecerei à vida
por ter feito de você
a minha melhor
descoberta.

Vicente Siqueira

http://docespoesias.blogspot.com
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Sunday, January 21, 2007

das tragédias

Na desertidão abafada
No silêncio suspenso do depois da catástrofe
Vê: a silhueta ao longe
o poeta ainda anda
por entre os escombros
se abaixa
cata estrofes
e vai se curvando
com seu peso nos ombros.

czarina

http://sabedoriadeimproviso.wordpress.com
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Friday, January 19, 2007

Princípios

Tecem a vida
As manhãs
E as horas
Tuas mãos
Tecem
A lã
Silenciosa do dia
Ocultas
Tecem
A teia
O pescador
E a rede
E destinos
Que se estendem
Nesse mar-tempo.

Ana Maria Costa

http://amnascentes.blogspot.com/
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Tuesday, January 16, 2007

a nossa é...

a nossa
é paixão
mal resolvida

olhos
que se estudam
mãos
que se encontram
e lábios
que dizem não

Ademir Antonio Bacca

http://ademirbacca.blogspot.com/
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Monday, January 15, 2007

Enquanto a cidade dorme

Enquanto a cidade dorme
rememoro
enxovalhados pensamentos
olho o asfalto e as luzes,
mas não vejo nada
- tudo que vejo é nada -
um coletivo
duas ou três pessoas
um cachorro,
idas e voltas

a cidade dorme
e não posso adormecer também

Edinara Leão

http://edinaraleao.blogspot.com/
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Saturday, January 13, 2007

Ótica

De tão clara
A luz se fez Poesia
E as trevas
Intervalo dos meus olhos
Desenharam o Poema
Para que a vida
Tivesse filhos
E em mim
Os versos que gritam
Não fossem órfãos.

Eliane Alcântara

http://www.eliane_alcantara.blogger.com.br/
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Wednesday, January 10, 2007

Molhado ou seco

No saibro rosado joga-se um ponto
Que cresce, transforma-se em dois.
Não se sabe se é molhado ou seco
Miúdas vagens de pequenos sóis.

A ferrugem pinta o trilho de marrom
Invadindo a textura da hora e do dia
Lamento longo de um homem pouco pintado
Que não se lembra mais para onde ia.

PHYLOS

http://quintaldaruaacre.blogspot.com/
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Saturday, January 06, 2007

PEDRA RARA

e antes que a noite
engula o dia
volto aos campos
semeados
da sagrada poesia
onde há
luz
lírios
línguas
luminescentes
entalhadas
na dor
do meu diamante
bruto

Célia Musilli

http://sensivelldesafio.zip.net/
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Thursday, January 04, 2007

Certezas

Fico em silêncio,
no escuro.
Um refúgio não é
tempo de solidão.

Quantas vidas se é capaz
de esperar
pelo que se sabe
que vem?

CeciLia Cassal

http://ceciliacassal.blogspot.com/
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